sexta-feira, 3 de julho de 2009

A (De)Formação no Futebol Português

Não era suposto voltar a falar sobre este tema mas uma infeliz coincidência de acontecimentos que se deu na semana passada, levou-me a fazê-lo de novo:
- Devido aos graves incidentes do passado sábado (27-6-09), o título nacional de Juniores poderá não ser atríbuido já que Benfica e Sporting não se entendem quanto ao local onde o jogo decisivo deverá ser realizado, além de haverem outros problemas relacionados com o prazo dos contratos e a idade dos jogadores.
O que não parece preocupar ninguém é o facto de os grandes prejudicados com toda esta lamentável situação serem os jogadores dos dois clubes, alguns já internacionais sub-19 e que no caso de o título não ser entregue verão o seu percurso profissional dificultado, além de se estar a falar de um escalão que este ano falhou de novo a qualificação para o Europeu (um daqueles torneios sem interesse que vá-se lá saber porquê a Espanha ganha quase sempre...) com uma derrota por 0-4 em casa com a Turquia quando o empate chegava e colocará todo o trabalho de uma época em causa.
Os incidentes que aconteceram nada terão a ver com o jogo em si,mas sim com conflitos antigos tendo ambas as claques aproveitado o facto de estarem num local onde se sentiram mais à vontade para poderem descarregar os seus ódios mais primários próprios de quem não gosta nada de futebol e tenho até dúvidas de que gostem dos próprios clubes que dizem apoiar, já que quando as coisas não correm bem está mais que visto do que são capazes de fazer como lançarem petardos ao autocarro, pintarem os muros da academia, partirem cadeiras do pavilhão, insultarem os seus presidentes, treinadores e jogadores, tentarem agredi-los, etc.
Lembro ainda que é o segundo ano consecutivo em que no jogo decisivo acontecem situações deste género: no ano passado aconteceu (não com tanta gravidade) no final do jogo Sporting-F.C.Porto envolvendo jogadores dos dois clubes e alguns adeptos. Este ano e sendo algo exterior ao jogo não deixa de ser mais um duro golpe no nosso futebol de(formador) e volto a dizer, a pior decisão possível será a de não se atribuir o título.
- Entretanto e como um mal nunca vem só, na mesma altura destes acontecimentos sabe-se então que a tão esperada (pelo menos por mim...) remodelação do futebol português de base iria acontecer: infelizmente mais uma desilusão. Afinal o Prof. Rui Caçador mantém-se na Federação agora nos sub-16, o Prof. Ilídio Vale mantém-se nos sub-19, Paulo Alves nos sub-20 e qual cereja no bolo, Oceano Cruz nos sub-21. Não era melhor que fosse ao contrário? Como se explica que o treinador menos experiente dos quatro vá para o escalão mais alto?! Como é que o treinador dos quatro com mais anos a treinar selecções passa agora para um escalão onde terá estado há 20 e tal anos atrás? Faz algum sentido?!
Com toda a franqueza,o único sentido que faz é que o Prof. Carlos Queirós está a acumular o cargo de seleccionador da equipa A com o de Director técnico nacional, não deixou cair o seu companheiro de longa data que tinha assumido dignamente o fracasso nos sub-21 mas que afinal se mantém (como é possivel? Não serão os 15 anos uma idade mais importante para um jovem e para o seu futuro como pessoa e futebolista? Este senhor não deu já provas do que (não) é capaz?) e curiosamente, elegeu dois seus ex-jogadores: Paulo Alves (já com alguma experiência de treinador, mas o que fez ele de relevante, que provas deu no futebol jovem, que equipas de juniores já treinou?) e Oceano Cruz. E sobre Oceano digo só isto: incompreensível.
A selecção de sub-21 tem sido nos últimos anos e desde o fim da era do Prof. Jesualdo Ferreira (e mesmo com os seus erros) uma prenda apetecível para treinadores incapazes de mostrarem obra feita nos seus clubes, treinadores sem perfil de líder, tipos porreiritos, amigalhaços, como que escolhidos pelos próprios jogadores que já se consideram grandes vedetas e que não gostam que lhes venham ensinar nada.